quinta-feira, novembro 30, 2006

Avental Branco

É um Avental branco, enorme este Avental.

De tantas vezes usado, de tantos laços que deu à volta daquela cintura, nunca deixou de ser branco e raramente lhe vi uma nódoa.

É o Avental branco da Avó, que emprega em dia de azáfama, nos dias em que a mesa está sempre posta e a porta de casa sempre aberta, o Avental que a protege e que fica entre nós quando nos abraçamos.

Ambas sabemos, sem nunca o termos denunciado, que a relação Avó/Neta se resume a pouco, a laços de sangue, a abraços de circunstância, ao laço que me pede para apertar quando suas mãos preparam os enlaces das filhoses. Ambas sabemos que a vida foi assim, que os meus avós são outros e os seus netos alguns. Mas nada disso impede o abraço carinhoso, sincero, quase cúmplice na espontaneidade, na sua anuidade, no qual posso observar, sentir o seu Avental branco.

Mangas para cima, Libra de Ouro a balançar no peito, o cabelo longo apanhado no eterno "carrapito", mãos na massa, e eu, que apenas obedeço à voz cantarolante, como sempre fiz. Mais açúcar, mais canela, parto os ovos, não falo alto enquanto a massa leveda, fritas a sair, a abóbora menina, arroz doce com limão, leite de creme com açúcar queimado e o Avental, sempre apertado, sempre branco...

Desta vez, arrumado atrás da porta, o Avental não acompanha à mesa, não prova os doces que foram a sua tentação. Fica assim, como se nada tivesse acontecido, o Avental branco da minha Avó.

terça-feira, novembro 28, 2006

Engarrafar Estrelas, Soltar os Sonhos!

sábado, novembro 25, 2006

Homens de Palavra

O que poderá definir um Homem?
A sua palavra ou a sua acção?

As palavras podem ser belas, podem pintar-nos de rosa, amarelo, verde, e assim esconder a real transparência de que somos feitos.
Podem embriagar quem as consome e viciar quem delas vive, quem delas se torna dependente.
As palavras podem ser meros objectos decorativos, se sozinhas, definirem Alguém, se Alguém apenas for definido por esses conjuntos de letras aos quais podemos dar sentido, a partir dos quais julgamos poder conhecer Alguém...
Será que podemos realmente conhecer um Homem, apenas pelas suas palavras? Poderão os Homens de palavra dar-se a conhecer?


sexta-feira, novembro 24, 2006

Cem posts... Sem palavras... Mais um...

Post nº101

quinta-feira, novembro 23, 2006

Banco da Estação


Foram vários os Bancos das Estações que nos acolheram em finais de tarde e tantos os comboios em que não entramos apenas porque ainda só estávamos no refrão.
Foram tantos os sonhos que, em conjunto, tornámos reais, pequenos sonhos construídos em passeios, por lugares com nomes estranhos ( “Volta do Duche” é um nome estranho...) onde o chão era de folhas secas e o céu de Luas Azuis.
Foram tantos os abraços que nos entrelaçaram, que nos saudaram, que nos despediram...
Fomos sempre nós, Meninas amadas que amam, que ainda crescem juntas no sonho de ver “Searas Vermelhas” surgir no horizonte, que se concretizam num Futuro, um dia cantado, nos Bancos das Estações.

Paixão ou Rota de Colisão?


Ando com estas palavras na cabeça...
Há dias que tento por no papel o que elas me dizem, o que a sua sonoridade me transmite.
Fracassada, não consegui.... E dou-me por vencida... Fui derrotada por um conjunto de letras....
Mas elas não me largam e por isso vou tentar solta-las em Paixão, ou Rota de Colisão... Por ai...

terça-feira, novembro 21, 2006

0.50 € e um enorme sorriso!

Flores?
Bombons?
Jóias?
Não...


Uma bola saltitona cor de rosa foi a prenda que me roubou uma enorme gargalhada e .... Muito, muito mais....

domingo, novembro 19, 2006

Sonhar?


Ficou difícil
Tudo aquilo, nada disso
Sobrou meu velho vício de sonhar
Pular de precipício em precipício
Ossos do ofício
Pagar pra ver o invisível
E depois enxergar
(...)



Maria Rita

quinta-feira, novembro 16, 2006

Solto-me!


Solto-me!
Como se me quisesse desprender de tudo, e andar solta por ai... Pelos becos das cidades a conviver com os remoinhos de vento que levantam as folhas secas e as beatas dos cigarros que, por instantes, foram retalhos de prazer.
Decoro a rua com o meu cheiro, a minha cor, a minha textura e prendo no meu cabelo a luz dos lampiões rodeados de borboletas encandeadas que andam soltas entre a noite.
E fico por ai, solta, à espera que me venham buscar... E quando me virem... não me reconhecerão... estarei solta... por ai...


quarta-feira, novembro 15, 2006

Palavras feitas


Palavras feitas, gastas por bocas que não falam, que não inovam, que apenas se abrem para debitar cliches e não conhecem a ousadia de criar novas traduções de sentimentos, de pensares, de olhares.
E de tanto serem usadas reflectem a pouca reflexão em si mesmo, tornam-se uma mera conjugação de letras, sem sentido, sem dimensão e sem dor.


segunda-feira, novembro 13, 2006

Do Avesso

Hoje vou vestir o Mundo Do Avesso para que se vejam as costuras em diferentes cores de linha, os remendos de diferentes panos, os alinhavos feitos é pressa, os remates precisos e quase imperceptíveis, o corte das peças que o compõe.
E no final, depois de O admirar, assim, Do Avesso, vou então perceber o que O faz ser assim, Do Direito.


sexta-feira, novembro 10, 2006

Equilíbrio

O triângulo equilátero cujo vértice assenta no ponto por onde passa a bissectriz que divide em dois o meu corpo, é a forma geométrica que perfaz a pouca assertividade do meu equilíbrio.

terça-feira, novembro 07, 2006

Ser Vento


Em flor te aguardo
Neste suspenso momento
Como se o vento
Fosse todo o meu resguardo

E assim me entendo
Ser desta fragilidade
Outra metade
De tão frágil fingimento

Que é seu talento
De entre as pedras ser aquela
Que nos revela
Em cada pedra um sentimento

Porém, se a flor
Tem no destino ser do vento
Há tanto tempo
E eu aguardo, meu amor
Letra de Jorge Palma

quarta-feira, novembro 01, 2006

Arco


Aquele arco formado pela porção de uma curva contínua compreendida entre dois pontos sólidos definido pelas tuas mãos na minha cintura e desenhada pelo arquear do meu dorso não é mais que a expressão arquitectónica do prazer.