segunda-feira, outubro 29, 2007

Oiço-te entre o pregão da sorte contido num bilhete de lotaria e a nuvem de fumo das castanhas assadas fora de horas. Afinal nem sempre o silêncio te traz à escuta, extrapolamos-te por entre os acordes mais coloridos. E, porque não acredito, vou enganar o cauteleiro, porque mais do que sorte, há a coincidência, de te ouvir entre o pregão e o fumo das castanhas, assadas fora de horas.


sexta-feira, outubro 26, 2007


XV Bienal de Artes Plásticas
Festa do Avante! 2007

sábado, outubro 20, 2007

Como adoçar o que parece eternamente amargo?

Numa qualquer tigela de barro alentejano média colocar 300 g de farinha (na receita diz farinha sem fermento mas qualquer farinha dá) juntamente com 150 g de margarina para culinária cortada aos pedaços. Desfazer a margarina até a farinha ganhar uma consistência de "areia". Juntar 50 g de açúcar (para os muito gulosos colocar mais um bocadinho) e 0,5 dl de água (é pouco, vão ter de colocar mais). Amassar bem e deixar repousar uns minutos, entretanto cortar 4 maçãs (na receita sugere reinetas, eu usei maçã de Alcobaça que era o que cá havia).
Agora o toque de mestre: colocar as maçãs numa taça e rega-las com
água ardente velha (Carvalho Ribeiro e Ferreira por exemplo), pulverizar com açúcar amarelo e raspas de pau de canela (prefiro à canela em pó).
Numa tarteira previamente untada, tender a massa (se forem maricas como eu podem sempre com um garfo fazer feitios no rebordo da massa, como diz a tia Bibi, fica sempre mimoso), pulverizar a massa com o açúcar amarelo (pouco, nada de abusos) e dispor as fatias de maçã em espiral começando pela periferia da tarteira até ao centro. Se no fundo da taça das maçãs ainda se encontrar um resto de água ardente, juntar um pouco de água e regar a tarte. No final pulverizar de novo com açúcar amarelo e raspas de canela. No centro colocar uma cereja em calda. Vai ao forno já quente a uma temperatura média de 130º C durante cerca 30 minutos (não tenho a certeza do tempo, o melhor é ir espreitando).
Para quem estiver com saudades do frio do Outono, podem aproveitar o forno ligado e por umas quantas castanhas no forno....

Quando começar a cheirar bem é porque está quase!


E assim se adoça, com a melhor tarte de maçã de sempre, o que parece eternamente amargo!

terça-feira, outubro 16, 2007

Todos à Grande Manifestação de 18 de Outubro!


A melhor forma de darmos uma resposta a este governo é a de conseguirmos dar grande visibilidade e força às razões que nos assistem e de intensificarmos o esclarecimento e mobilização com vista à realização de uma grande manifestação no dia 18 de Outubro.


segunda-feira, outubro 15, 2007

Desilusão

Ficaste por ai, afogada na palavra desilusão, no desaponto de um amante que não era mais do que um pilar de sustentamento para aquilo a que se calhar chamas de expectativas. E era quando tudo parecia justo, que caíste de novo nesse buraco, acompanhada por essa solidão brilhante que te dá uma aura translúcida, que te embriaga. Seria mais fácil subir as escadas e continuar, não olhes para onde pisas, vê antes a paisagem que passa diante dos olhos, deixa-te cegar pelo colorido, será mais fácil assim. Sabes para onde vais, deixa de saber por onde.


É um conselho de uma vencida, por isso pensa bem antes de o aceitares.




quarta-feira, outubro 10, 2007

Yo tuve un hermano.

No nos vimos nunca,
pero no importaba.
Yo t
uve un hermano
que iba por los montes
mientras yo dormía.

Lo quise a mi modo,
le tomé su voz
libre como el agua,
caminé de a ratos

cerca de su sombra.

No nos vimos nunca
pero no imp
ortaba,
mi hermano despierto
mientras yo dormía,
mi hermano
mostrándome
detrás de la noche
su
estrella elegida.

Julio Cortázar, Octubre de 1967

Che vive!

terça-feira, outubro 09, 2007

Aperto

Apago todas as letras, apenas um dedo, uma só tecla e tudo o que queria dizer fica resumido a um pano branco de fundo, incómodo, como todo o meu quotidiano.
Respiro fundo, fecho os olhos mais tempo do que o necessário, será possível sentirmos coisas nas quais não acreditamos?
Ou será apenas uma interpretação menos correcta de coisas que nem sentimos, imaginamos.
A palavra é aperto, uma sensação de restrição de espaço interior que nos constringe e quase sufoca. E ousamos dizer que pressentimos que alguma coisa está para acontecer.


quarta-feira, outubro 03, 2007

Passaste...

Passaste...
E nem te olhei com a atenção que te costumo dispensar, com os suspiros à janela que embatem nas vidraças, com o calor que me leva por esses caminhos, com ou sem lençóis...
Cresceste e nem te vi, na tua forma maior, quase que me apetece dizer, cheia... de tesão... Ups... Já disse!
Passaste, e nem te disse adeus, deixaste-me só, quando o céu da minha janela traz a noite e escurece em tonalidades quentes e cheira a solidão apetecida. Deixaste-me as noites maiores, em que me apetecem as tardes que podem sempre ser manhas num qualquer dia de sábado.
Trouxeste-me Outubro, levaste-me Setembro, e eu nem te vi...



Moon, Ilustração de Maria Antunes

terça-feira, outubro 02, 2007

(Re)Toma de Palavras: Enjoei o Alfabeto

Enjoei o alfabeto, o certo é que estas 26 letrinhas já não me são úteis, já não servem. Já não me apraz junta-las e fazer soar os sons de tonalidade luminosas que em tempos fizeram as minhas mãos cantar.
Agonia-me o uso repetitivo dos grafismos e a sua junção já não satisfaz a minha necessidade de expressão.
Enjoei o alfabeto, plágio ou não, já alguém o deve ter dito mas é em mim que a expressão assenta, como se pousa-se um desconforto sintáctico e fonético que alguém inventou.
Enjoei.
Inventa-me um novo!
Foto de Pedro Piedade, Catedral da Sagrada Família, Barcelona