domingo, março 30, 2008

Sobre a Educação....

"...Desde muito cedo tive de interromper a minha educação para ir à escola. Não fui capaz de discutir com ninguém porque sentia, sem poder explicar, que as minhas razões apenas podiam ser válidas para mim mesmo..."



Gabriel Garcia Marquez

Viver para contá-la

sexta-feira, março 28, 2008

Eu Não Vou!!!

Rock in Rio sem Lisboa

De dois em dois anos temos este drama. Propaganda das benesses que esta iniciativa estrangeirada nos dá, provincianismo quanto baste. Falam sempre de requalificação e reabilitação do Parque da Bela Vista, os defensores do acontecimento, e depois é este desastre anunciado e realizado, no fim de cada iniciativa. O Rock in Rio não tem interesse cultural, não é identitário, é apenas folclore turístico e um bom negócio para os promotores.

A Câmara prepara o espaço, limita o acesso através de uma vedação feia que por lá fica, garante as fontes de energia e pontos de água potável, fornece os serviços de limpeza, recolha e remoção dos resíduos sólidos urbanos. Isenta a organização do pagamento de todas as licenças camarárias e do pagamento de taxas de aluguer de equipamentos e materiais da CML. Apoia a divulgação e a promoção através de 150 mupis. Há mais matérias consignadas no protocolo, mas estas bastam para percebermos o enredo.
A empresa obriga-se a autorizar a Câmara (imagine-se a quê?) a utilizar a marca do evento… Pudera.
A contrapartida única relativa às edições de 2008 e 2010 é de 800 mil euros.
As três tranches deviam ter começado a ser pagas em 31 de Dezembro de 2007, mas não foram.
Entretanto, sem aprovação da proposta na Câmara e na Assembleia, a empresa tinha já publicitado o grande acontecimento. É o ovo garantido, que antes de ser já o era. E que ovo de Colombo, ou seja, de alguém que descobriu o caminho aéreo para Lisboa e já pela Ibéria vai ficando. O promotor até já vive em Madrid...
A contrapartida relativa à edição de 2008 será aplicada nomeadamente numa ponte de ligação entre a zona sul do Parque e bairro das Olaias.
Venha lá a pontezinha… Não é a de Chelas–Barreiro, nem Sacavém sei lá para onde, mas sempre dará jeito. Sobretudo, desde logo, à empresa, que ganhará dinheiro com a propaganda naquele espaço. O vereador José Sá Fernandes descobriu, desta feita, o caminho pedestre e ciclável para algum lado, mas vai informando que a ponte é coisa que não se vê lá muito bem para efeitos de propaganda.
Entretanto, a CML cede a eventuais terceiros patrocinadores a isenção de pagamento de qualquer taxa para a exposição da marca do ou dos patrocinadores no período necessário à amortização de todo o investimento, que é computado em 3 anos…





Vamos brincar à caridadezinha....

sexta-feira, março 21, 2008

E porque hoje é Sexta feira, 21 de Março de 2008...

Cada árvore é um ser para ser em nós
Para ver uma árvore não basta vê-a
a árvore é uma lenta reverência
uma presença reminiscente
uma habitação perdida
e encontrada
À sombra de uma árvore
o tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante que começa sem fim
a árvore apazigua-nos com a sua atmosfera de folhas
e de sombras interiores
nós habitamos a árvore com a nossa respiração
com a da árvore
com a árvore nós partilhamos o mundo com os deuses

António Ramos Rosa


Árvores:

A primeira árvore que plantei foi com o meu Avô Dado, um Carvalho... Depois de muitos Este cravou as suas raízes no quintal da Vivenda Luna e lá continua, mais de 2 metros de altura e com as duas mãos já não consigo agarrar o tronco.
O nosso Carvalho Avô!

A segunda foi um pinheiro que dei a uma amiga, a Paz. Tinha acabado de passar por uma complicada operação à coluna e como prenda pela sua recuperação dei-lhe um pinheiro. Sei que depois o transplantou, mas não tenho noticias se ainda hoje ele existe.

A terceira foi um Incenso que dei à minha grande amiga Ritó, no seu regresso da Dinamarca, aparentemente não será uma árvore, mas parece um pequeno arbusto.As folhas cheiram bem e já deve estar com rebentos.

A quarta?
Bem vira brevemente, virá!

quarta-feira, março 19, 2008

Recordando o Amigo Melenas

Ò Maçã de Junho.
Minha tentação
Tu és minha Eva
Eu o teu Adão
Formosa maçã
Quem dera colher-te
Em fresca manhã
Pegar-te, morder-te
Com dentes de riso
Contigo ficar
Até acabar
Neste Paraíso
Em tua pele brilhante
Estar reflectido
Amada e amante
Num todo contido
A todo o instante
Faz todo o sentido
Teu acre frescor
Deixa-me sugar,
Formosa maçã
Que eu quero apanhar


Em Junho de 2006 pedi aos leitores do "Maçã de Junho: Desmedidamente minha, irremediavelmente tua" que me enviassem textos, poemas, fotos e outras coisas sobre A Maçã!
O Amigo Melenas enviou-me este delicioso poemas que faço questão de partilhar novamente, numa altura que as lembranças têm um significado muito especial.

M

segunda-feira, março 10, 2008

(Re) Toma de Palavras: Do meu Ombro

Escapas do meu ombro, em quarto crescente fazes nascer os suspiros mais sonoros, tornas a respiração mais profunda e soltas o calor que faz as "senhoras" apertar as pernas roçando o nylon que sobe até as coxas e, numa atitude dissimulada, limpar a gota de suor que escorre por entre o peito e mancha a camisa de cetim que por instantes, parece demasiado apertada.
Rodas, sem formar um círculo contínuo, rodas só porque tem de ser, porque também os dedos rodam nas bocas e fazes salivar sempre mais, bocas sedentas do Ópio nocturno que conferes a quem te olha.
No final da noite, quando fica no céu a ultima estrela da madrugada, aninhas-te no meu ombro, como quem procura o aconchego quente, mas sabe, que logo logo estará de partida outra vez.



sábado, março 08, 2008

M de Mulher

Tenho nome de uma flor
quando me chamas.
Quando me tocas,
nem eu sei
se sou água, rapariga,
ou algum pomar que atravessei.


Eugénio de Andrade, As mãos e os frutos.

sexta-feira, março 07, 2008

Do Meu Tio Chico

Do meu Tio Chico lembro tudo...

Na adega que ainda hoje guarda garrafas meticulosamente enrolhadas e catalogadas, estão guardados debaixo de uma fina camada de pó os livros do Tio Chico.
Romances em francês, poesias de Sidónio Muralha e até a famosa colecção de livros de bolso RTP que abandonaram a sua antiga residência no armário da porta cilíndrica, aquele que esteve um dia no corredor da casa de Montelavar.
Alguns, os que Ele mais lia suponho, escondem a capa por traz de um forro, cuidadosamente colocado para não estragar a capa original...
Outros estão assinados pelos autores ou com dedicatória dos amigos, dizem que certos livros vieram por assalto no tempo da "outra senhora" trazidos na mala do contrabandista da família...
O Tio Chico era um homem informado, sempre de barba impecavelmente feita e alfinete republicano na lapela.
Acho que era um homem contente, orgulhava-se dos seus valores e da educação que deu aos seus sobrinhos... e somos tantos os sobrinhos que nos lembramos de tudo... Do nosso Tio Chico...

quinta-feira, março 06, 2008

Posso não ter chegado a ser Professora, mas ainda tenho o direito à INDIGNAÇÃO!

Ainda....

Pelo menos isso não me tiram...

Confesso que não era esse o meu sonho académico...

Mas o gosto pelo ensino nasceu naturalmente e impôs-se perante a natural renuncia de quem nasceu e cresceu no seio de professores. O gosto cresceu e parece que afinal, o meu jeito natural permitia-me a distância e ao mesmo tempo a aproximação necessária para conseguir ensinar e até por vezes educar. Cara séria por um lado, um sorriso por outro faz a diferença e acima de tudo, mostrar que afinal aprender faz a diferença.
Fui avaliada, posso dizer que tive uma muito boa avaliação no meu estágio e terminei a licenciatura com uma média razoável que me permite fazer uma progressão académica normal...
Mas nunca foi o suficiente para ser colocada, gostava de ter a experiência necessária para crescer como docente, para aprender realmente a ser professora. Gostava... mas será que valeria a pena estar agora dentro deste sistema? Será que vale a pena hoje, agora, começar outra vez tudo de novo?

Oiço agora como banda sonora a voz de uma "senhora" que fala na televisão dizendo que, os professores não precisam de estar motivados para trabalhar, eles que façam o seu trabalho e mais nada.

Não sei se saberia trabalhar assim....

Sei que muitos não conseguem trabalhar assim.

Posso não ter chegado a ser Professora, mas estou com todos os que têm saido à rua!

Posso não ter chegado a ser Professora, mas ainda tenho o direito à INDIGNAÇÃO!



Minha "senhora", seja uma mulherzinha e demita-se!

quarta-feira, março 05, 2008

Do Meu Avô


Chica dos Papos, por Ed. Luna de Carvalho, 1956

sábado, março 01, 2008

1 de março de 2008

Pela espora da opressão
pela carne maltratada
mantendo no coração
a esperança conquistada.
Por tanta sede de pão
que a água ficou vidrada
nos nossos olhos que estão
virados à madrugada.


Por estarmos sempre onde está
o povo trabalhador
pela diferença que há
entre o ódio e o amor.
Pela certeza que dá
o ferro que malha a dor
pelo aço da palavra
fúria fogo força flor
por este arado que lavra
um campo muito maior.
Por sermos nós a cantar
e a lutar em português
é que podemos gritar:
Somos mais de cada vez.


Por nós trazermos a boca
colada aos lábios de trigo
e por nunca acharmos pouca
a grande palavra amigo
é que a coragem nos toca
mesmo no auge do perigo
até que a voz fique rouca
e destrua o inimigo.
Por sermos nós a diferença
que torna os homens iguais
é que não há quem nos vença
cada vez seremos mais.



Por sermos nós a entrega
a mão que aperta outra mão
a ternura que nos chega
para parir um irmão.
Por sermos nós quem renega
o horror da solidão
por sermos nós quem se apega
ao suor do nosso chão
por sermos nós quem não cega
e vê mais clara a razão
é que somos o
Partido Comunista Português
aonde só faz sentido
sermos mais de cada vez.



Quantos somos? Como somos?
novos e velhos: iguais.
Sendo o que nós sempre fomos
seremos cada vez mais!

Ary