quarta-feira, fevereiro 27, 2013

Carta a um jovem dito escritor:


 Seria uma estupidez escrever-lhe...
Mas também, de tanta merda que escrevo, esta seria só mais uma amálgama de letras que saem da ponta dos meus dedos... 
Quero lá saber.... 
E escrevo porque no fundo tenho uma angústia dentro de mim que, provavelmente e sem grandes alterações se irá manter, me faz querer encontrar em si alguma coisa que me faça não gostar de si.
Sabe, encontrar um argumento que me fizesse dizer que essa vertente comercial que aplica à escrita e à criatividade é o que a pode destruir, encontrar aquele fio da meada que nada me dissesse, que não me tocasse, que eu não me deslumbrasse, como se tivesse encontrado o mecenas das palavras! 
Fodasse, eu no fundo queria que fosse a margarida não sei quantos da escrita masculina e que eu pudesse criticar e dizer: NÃO GOSTO DESTE GAJO PRETENSIOSO QUE ACHA QUE SABE ARREBATAR COM A ESCRITA! E ter uma chave dicotómica para classificar as sua frases e as suas palavras e as suas descrições e o que eu e mais um milhão de pessoas sente quando as lê.... 
E porque um poeta é isso ou deveria ser, aquele capaz de traduzir num simples algoritmo de letras o que todos sentem, mas ninguém o sabe dizer! 
E depois há essa máscara que usa nas palavras! Fornicar? Pega? Fornicar uma Pega? Quando se quer ser brejeiro ou se é, ou está-se calado! Foder é Foder e Puta é Puta! 
Não invente, a vulgaridade é um luxo a que só os excepcionalmente bons se podem dar!
Seria uma estupidez escrever-lhe... 
Mais estúpido seria pensar que poderia perder tempo a ler esta porra.... 
Mas quero lá saber eu.... 
E sabe, no fundo este amor -ódio que me faz sentir, deu para reler papiros velhos e voltar a supor, que os posso revisitar! 
Quero lá saber eu destas merdas....

segunda-feira, fevereiro 18, 2013

voltei
tímida, 

na esperança de me te encontrar, de encontrar o meu teu tempo, na ânsia de me te dar a paz de outros dias, quando as minhas tuas palavras eram oxigénio puro, desse, que me te enche o peito.
provavelmente é presunção da minha tua parte, voltar assim. 

os espaços podem até ser iguais, mas os que o rodeia mudou para sempre. e nessa maré de espaço, sem espaço, fui estupidamente arrancada de mim ti, que te me és...
consigo-te me ver. 
há tempo que o faço, que me te vejo. e não me te em revejo, e podias dizer que o tempo me te fez diferente, são os anos a passar. mas não me te iludas, não me te inventes desculpas para não me te seres o que quisemos.
não és e pronto.
voltei
tímida,

 em bicos de pés, como gostamos de andar, o eu e o tu que me és.
a ver se me te reencontro, quem sabe, por entre mim ti!


M