Coro da Primavera
Cobre-te canalha
Na mortalha
Hoje o rei vai nu
Os velhos tiranos
De há mil anos
Morrem como tu
Abre uma trincheira
Companheira
Deita-te no chão
Sempre à tua frente
Viste gente
Doutra condição
Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores
Livra-te do medo
Que bem cedo
Há-de o Sol queimar
E tu camarada
Põe-te em guarda
Que te vão matar
Venham lavradeiras
Mondadeiras
Deste campo em flor
Venham enlaçdas
De mãos dadas
Semear o amor
Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores
Venha a maré cheia
Duma ideia
P´ra nos empurrar
Só um pensamento
No momento
P´ra nos despertar
Eia mais um braço
E outro braço
Nos conduz irmão
Sempre a nossa fome
Nos consome
Dá-me a tua mão
Ergue-te ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores
Zeca
5 Comments:
20 anos depois, uma voz para sempre e presente...
«Mais do que cantar, dediquei-me a fazer agitação, como franco-atirador. O desejo de coerência política, associada a um complexo burguês, levaram-me a uma militância permanente e a negar a minha profissão de cantor, a minha figura popular e por aí fora.»
«Nós não devíamos apagar fogueiras - pensava eu - mas atear chamas.»
13.01.80
Zeca
Pergunto-me quanto tempo demoraste a escolher que palavras de Zeca irias "postar" nesta data? é mais ou menos como abrir uma caixa de diamantes tentar escolher o que mais brilha...
Aprendamos então com as palavras sábias de José Afonso e "...Venham de mãos dadas semear o amor."
Excelente recordação.
Obrigado.
Tinha saído havia pouco dos meus 20 anos de idade. Às voltas com a problemática de "A Fome no Mundo" foi possível editar um livrinho que tenho agora em minhas mãos: "Humanidade, Fome e Subsistências".
Para o lançamento do livrinho, alí para as bandas do Quelhas, iríamos ter a participação do Zeca. Mais do que para cantar, para falar, para nos ensinar, para agitar as nossas mentes para a realidade social de Portugal e do Mundo.
Sabida da prevista presença do Zeca entre centenas de estudantes, a Pide tratou de o prender.
Zeca não esteve presente mas nós cantámos os seus cantares.
"Sempre a nossa fome nos consome, dá-me a tua mão". Já então... "Ouvem-se já os tambores".
Obrigado querida "Maçã de Junho"... tuas escolhas são sempre belas e inspiradoras.
Beijinho.
Enviar um comentário
<< Home