Juízos com valor?
De todas as vezes que faço um juízo de valor sobre alguém que não conheço e que serve apenas para me manter ocupada no espaço de tempo em que o comboio atravessa a Ponte, esta foi aquela que mais me marcou.
O meu primeiro pensamento não se confirmou, cheguei ao final da viagem com outra visão dos acontecimentos..... Será que perdi o dom de pensar as vida das pessoas que não conheço e que habitam por minutos o mesmo espaço móvel comigo?
Ele: 46 anos, blusão de ganga russo, barba por fazer e o ar de quem já precisa de um fim de semana.
Mas nada que eu possa dizer define a cumplicidade que se gerou no meio de uma carruagem cheia de gente que, assim que eles entraram, ficou vazia, somente eles e eu a observar pormenorizadamente os olhos, as mãos, o movimento dos lábios, o sorriso, o charme, a/o te(n)são dos seus corpos num desejo comum.....
Era amor? Paixão, instinto, o que interessa isso? Durante aqueles minutos, as palavras que ambos disseram sussurrando eram a sua lei, e sei, tenho a certeza, que muito mais do que amor, ia acontecer quando chegassem ao destino, porque não foi este o meu juízo inicial.
O meu primeiro pensamento não se confirmou, cheguei ao final da viagem com outra visão dos acontecimentos..... Será que perdi o dom de pensar as vida das pessoas que não conheço e que habitam por minutos o mesmo espaço móvel comigo?
Fiquei confusa mas a imagem desde casal ainda surge nítida:
Ela: 42 anos, saia preta pelo joelho, salto alto com fivela no tornozelo, mala de mão a condizer, cabelo com madeixas ruivas que quando esvoaçavam espalhavam o forte aroma do seu perfume, bâton vermelho e pestanas com um ligeiro excesso de rimel...Ele: 46 anos, blusão de ganga russo, barba por fazer e o ar de quem já precisa de um fim de semana.
Mas nada que eu possa dizer define a cumplicidade que se gerou no meio de uma carruagem cheia de gente que, assim que eles entraram, ficou vazia, somente eles e eu a observar pormenorizadamente os olhos, as mãos, o movimento dos lábios, o sorriso, o charme, a/o te(n)são dos seus corpos num desejo comum.....
Eu e o meu voyerismo desmesurado.
Era amor? Paixão, instinto, o que interessa isso? Durante aqueles minutos, as palavras que ambos disseram sussurrando eram a sua lei, e sei, tenho a certeza, que muito mais do que amor, ia acontecer quando chegassem ao destino, porque não foi este o meu juízo inicial.
2 Comments:
...casaco russo, barba por cortar, hummm acho que vou começar a sair à noie assim! pelos vistos resulta :)
E o que terão eles pensado de ti, se por ventura tivessem levantado o olhar e intervalado a sua... intimidade?!!!
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