sábado, junho 07, 2008

Nova Moda:Vamos Salvar o Planeta....

O momento em que vivemos é o de uma utilização sistemática do «ambiente» como argumento político. Aliás, o «ambiente» tem sido utilizado como um aspecto central de campanhas eleitorais, de acções governamentais, de conferências internacionais e a sua predação, ainda assim, tem vindo a intensificar-se. Isto revela mais uma das insanáveis contradições do capitalismo. O «ambiente» é, aparentemente, uma bandeira sem classe. E essa tem sido a tese central da campanha em curso: responsabilização de todos pela delapidação da natureza da qual apenas um punhado tem beneficiado. A febre e o alarmismo gerados em torno das matérias relacionadas com o «aquecimento global» e as «alterações climáticas» demonstram bem a forma como os Estados e as corporações e grupos capitalistas têm sabido utilizar um problema a seu favor.
(...)
Aliás, o «ambiente» e a «ecologia» são utilizados como estímulos ao consumo e como novas máscaras dos produtos independentemente do processo produtivo que lhes dá origem. (A título de exemplos meramente ilustrativos podemos enunciar a quantidade de materiais produzidos que representam luxos absolutamente desnecessários; a quantidade de material utilizado em embalagens meramente estéticas com papel, cartão, plásticos e tintas que o consumidor paga no acto da compra e é forçado a pagar novamente no acto de entrega para reciclagem e de que o capitalismo não abdica em nome do mercado e da concorrência; a extracção de minério em filões com baixos teores em países subdesenvolvidos e com custos ambientais enormes porque é mais barato do que a sua exploração em filões com altos teores nos países mais desenvolvidos; o desmantelamento dos aparelhos produtivos, como ocorre em Portugal, acarretando o transporte dos produtos e das mercadorias originários em países distantes com elevados impactos ambientais, nomeadamente no plano da queima de hidrocarbonetos. Tudo isto ao mesmo tempo que nos dizem que são as emissões de carbono associadas ao nosso consumo energético caseiro, a poupança da água na lavagem dos dentes ou a separação dos lixos e pagamento da tarifa inerente que determinarão o sucesso das políticas de ambiente. Figurativamente: «não é na água de lavar os dentes que está o problema, é nas embalagens desnecessárias em que envolvem a fruta no supermercado».)

Continua AQUI
As alterações climáticas e as responsabilidades de classe In"O Militante" por Miguel Tiago



2 Comments:

At segunda-feira, junho 09, 2008 11:08:00 da manhã, Blogger amigona avó e a neta princesa said...

De repente fizeste-me lembrar um ex-secretário do ambiente! Ou seria ministro?! Beijocas...

 
At quinta-feira, junho 12, 2008 1:21:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

O ambient é mais um negócio que dá milhões. Não é por acaso que estão a entregar até a água ao capital.

 

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