terça-feira, julho 29, 2008

O meu amor


Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou seta de cravos que propagam o fogo:
amo-te como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Amo-te como a planta que não floriu e tem
dentro de si, escondida, a luz das flores,
e, graças ao teu amor, vive obscuro em meu corpo
o denso aroma que subiu da terra.

Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te directamente sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,

a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos se fecham com o meu sono.


Neruda

2 Comments:

At quarta-feira, julho 30, 2008 3:08:00 da tarde, Blogger Vicktor Reis said...

Querida Maçãzinha
Sempre sábio o Neruda do mar de todos nós. Obrigado pelas tuas sempre bonitas partilhas.
Beijinhos. TéJá

 
At sexta-feira, agosto 01, 2008 4:41:00 da manhã, Blogger Maria said...

..."amo-te assim porque não sei amar-te de outra maneira"...
Obrigada pela partilha, Maçã!

Um abraço

 

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