Seria uma estupidez escrever-lhe...
Mas também, de tanta
merda que escrevo, esta seria só mais uma amálgama de letras que saem da ponta
dos meus dedos...
Quero lá saber....
E escrevo porque no fundo tenho uma angústia
dentro de mim que, provavelmente e sem grandes alterações se irá manter, me faz
querer encontrar em si alguma coisa que me faça não gostar de si.
Sabe, encontrar um argumento que me fizesse dizer que essa vertente comercial
que aplica à escrita e à criatividade é o que a pode destruir, encontrar aquele
fio da meada que nada me dissesse, que não me tocasse, que eu não me deslumbrasse,
como se tivesse encontrado o mecenas das palavras!
Fodasse, eu no fundo queria
que fosse a margarida não sei quantos da escrita masculina e que eu pudesse
criticar e dizer: NÃO GOSTO DESTE GAJO PRETENSIOSO QUE ACHA QUE SABE ARREBATAR
COM A ESCRITA! E ter uma chave dicotómica para classificar as sua frases e as suas palavras e
as suas descrições e o que eu e mais um milhão de pessoas sente quando as
lê....
E porque um poeta é isso ou deveria ser, aquele capaz de traduzir num
simples algoritmo de letras o que todos sentem, mas ninguém o sabe dizer!
E
depois há essa máscara que usa nas palavras! Fornicar? Pega? Fornicar uma Pega?
Quando se quer ser brejeiro ou se é, ou está-se calado! Foder é Foder e Puta é
Puta!
Não invente, a vulgaridade é um luxo a que só os excepcionalmente bons se
podem dar!
Seria uma estupidez escrever-lhe...
Mais estúpido seria pensar que poderia
perder tempo a ler esta porra....
Mas quero lá saber eu....
E sabe, no fundo
este amor -ódio que me faz sentir, deu para reler papiros velhos e voltar a
supor, que os posso revisitar!
Quero lá saber eu destas merdas....