quinta-feira, outubro 09, 2014

prece

    caminha, Maria, cheia de graça,
    vem ter connosco.
    bendita és tu entre as demais mulheres,
    e bendito é o meu fruto no vosso ventre

    -ai jesus!

    vem Maria, pede por deus,
    e faz de nós pecadores,
    agora e até à hora da nossa morte.



em nome do pai, do filho e do espírito santo que não tenho em Mim.

domingo, outubro 05, 2014

Parti um copo....
Hoje parti o último dos copos.... O copo que ainda não tinha partido antes... O último dos copos em que cabia a quantidade certa de pedras de gelo em forma de estrela e de cola-cola que bebia de um trago só.... o copo verde... o último dos copos.... 
Hoje parti mais um copo... e quase te ouvi no outro lado da casa .... - Tinha de ser Margarida!... quase te liguei a dar a novidade... - Olha, parti um copo, o último dos copos ...
Hoje parti um copo, como parti muitos outros copos, pratos, taças e canecas...
Parti um copo no dia em que parei de partir o meu coração, no exacto dia em que senti o meu coração a bater inteiro... A bater novamente... Inteiro, tão inteiro que quase já nem cabia num peito habituado a um meio coração....
Não deixa de ser anedótico... apetecer-me partir todos os copos que ainda ficaram por aqui.... e ligar-te a dizer...
-Olha, já parti todos os copos, agora posso ser feliz!

quarta-feira, outubro 01, 2014

Também eu me lembro de te tapar os olhos e perguntar: "Quem sou eu?" e tu reponderes: "És o meu Amor!"

A Carta, por autor desconhecido


É com o face coberta de lágrimas que me dirijo a ti, é com a certeza da incerteza destas palavras soarem-te a vãs que escrevo o que nunca disse.

Sei que perdi a tua alma, sei que feri essa pele carmesim, estás magoada, choras, amaldiçoas, gritas nas noites e desejas esquecer este sabor. Enfim errei, perdi e nunca mais te encontrarei. Sei isso e tu sabes?
Que as noites são em ti, nesse corpo que não escolhi, passadas em carícias de palavras, gemidos coloridos, abraços nunca recebidos. Sabes?
Que sinto e vejo o teu rosto, o teu cheiro, o teu andar, o teu olhar, o teu beijar.
Sabes?
A dor, a angústia, de um amanhecer e não poder dizer, gritar! Amo-te!
Sabes! Tens a certeza?
Esperei tempo demais por ti, esperei e quando te encontrei, perdi.

Beijos e Até...

terça-feira, agosto 19, 2014

Quem?

Nem sempre te convenho. Mas convenhamos que nem sempre me és conveniente...


Quem? Tu não és obviamente....

...sinto-me estupidamente ressacada pela bebedeira de esperança que apanhei.... nada embebeda tanto....nem dá tanta ressaca...

sexta-feira, julho 25, 2014

Mabi

Há algo de escandalosamente sexy no rodopiar da tua língua à volta desse gelado...

segunda-feira, março 04, 2013

essa água que já foi chuva que já foi rio que já foi mar incandescente no meu peito

quarta-feira, fevereiro 27, 2013

Carta a um jovem dito escritor:


 Seria uma estupidez escrever-lhe...
Mas também, de tanta merda que escrevo, esta seria só mais uma amálgama de letras que saem da ponta dos meus dedos... 
Quero lá saber.... 
E escrevo porque no fundo tenho uma angústia dentro de mim que, provavelmente e sem grandes alterações se irá manter, me faz querer encontrar em si alguma coisa que me faça não gostar de si.
Sabe, encontrar um argumento que me fizesse dizer que essa vertente comercial que aplica à escrita e à criatividade é o que a pode destruir, encontrar aquele fio da meada que nada me dissesse, que não me tocasse, que eu não me deslumbrasse, como se tivesse encontrado o mecenas das palavras! 
Fodasse, eu no fundo queria que fosse a margarida não sei quantos da escrita masculina e que eu pudesse criticar e dizer: NÃO GOSTO DESTE GAJO PRETENSIOSO QUE ACHA QUE SABE ARREBATAR COM A ESCRITA! E ter uma chave dicotómica para classificar as sua frases e as suas palavras e as suas descrições e o que eu e mais um milhão de pessoas sente quando as lê.... 
E porque um poeta é isso ou deveria ser, aquele capaz de traduzir num simples algoritmo de letras o que todos sentem, mas ninguém o sabe dizer! 
E depois há essa máscara que usa nas palavras! Fornicar? Pega? Fornicar uma Pega? Quando se quer ser brejeiro ou se é, ou está-se calado! Foder é Foder e Puta é Puta! 
Não invente, a vulgaridade é um luxo a que só os excepcionalmente bons se podem dar!
Seria uma estupidez escrever-lhe... 
Mais estúpido seria pensar que poderia perder tempo a ler esta porra.... 
Mas quero lá saber eu.... 
E sabe, no fundo este amor -ódio que me faz sentir, deu para reler papiros velhos e voltar a supor, que os posso revisitar! 
Quero lá saber eu destas merdas....

segunda-feira, fevereiro 18, 2013

voltei
tímida, 

na esperança de me te encontrar, de encontrar o meu teu tempo, na ânsia de me te dar a paz de outros dias, quando as minhas tuas palavras eram oxigénio puro, desse, que me te enche o peito.
provavelmente é presunção da minha tua parte, voltar assim. 

os espaços podem até ser iguais, mas os que o rodeia mudou para sempre. e nessa maré de espaço, sem espaço, fui estupidamente arrancada de mim ti, que te me és...
consigo-te me ver. 
há tempo que o faço, que me te vejo. e não me te em revejo, e podias dizer que o tempo me te fez diferente, são os anos a passar. mas não me te iludas, não me te inventes desculpas para não me te seres o que quisemos.
não és e pronto.
voltei
tímida,

 em bicos de pés, como gostamos de andar, o eu e o tu que me és.
a ver se me te reencontro, quem sabe, por entre mim ti!


M

segunda-feira, janeiro 23, 2012

a luz de um novo dia

lembra-me
quando eu já não vir
de como fui.
do meu vestido em dias de festa
e da cor dos meus sapatos,
de como ficava o meu cabelo preso com laços de cetim.

lembra-me
quando eu já não sentir
da minha boca.
do meu beijo em horas tardias
e das minhas mãos no teu cabelo,
de como te arrepiava o meu toque a meio da noite.

lembra-me
quando eu já não ouvir
da minha voz.
da minha voz calada pelo teu olhar
e do som do mar no meu peito,
de como cantava as musicas do rádio em tardes solarengas.

lembra-me
quando eu já não puder ir
da minha força.
dessa que eu tinha com o punho erguido
e de como era maior a nossa convicção,
de como íamos fazer um mundo novo, justo e solidário.

lembra-te
quando eu me for
de mim.
de mim como mulher
e de como um dia nos beijamos à chuva,
de como fizemos de um punhado de sol, a luz de um novo dia.

sexta-feira, janeiro 20, 2012

Não foi a primeira vez que te vi, já o fiz em surdina, à beira do velho cais baptizado pelo sangue dos que lá desaguaram, dos que por ali adivinharam o seu fim.

E quantos, ali, naquele cais, quando a maré já o reconheceu vezes sem conta, empunharam por mim os punhais?
Quantos já juraram o regresso, quantos já me juraram de morte, quantos já mataram por mim?
Quantos?
Quantos me apertam o braço para não me ir, para não me terem como fantasma durante o tempo em que não consomem a minha carne, em que não me consomem.

Não foi a primeira vez que te vi, por esses becos, que de manhã cheiram a fruta frescas, a peixe e à noite são de maresia... cheiram a prazer, a velas acesas pelas beatas em novena, a roupa despida rapidamente, a bocas tragadas de água ardente barata...

Parado, estavas parado à espera... Esperavas parado pela espera de alguém... Cigarro entre os dedos com a ponta voltada sobre a palma da mão, evitas olhar quem passa à tua frente...

De mim?
De mim não ... que me escondo atrás dos cartazes meio rasgados que anunciam o circo, os elefantes e as amazonas que chegaram à cidade...

Sei por que esperas, já tenho visto passar esses homens de mãos calejadas que vão ao teu encontro, nessa aparente despreocupação de quem tem tudo previsto, até os olhares mais luzidios.

Sei que conspiram ... Conheço essa chama que arde no peito e leva os homens por esse cais a construir o Novo Mundo.

Por mim?
Por mim não ... que me escondo por debaixo destas roupas gastas de tanto vestir e despir e desde baton barato que dá cor aos lábios depois de tanto os morder para não chorar. Tempos houve, em que as minhas roupas eram de trigo e papoilas vermelhas, e o meu perfume vinha da foice e do ramo de oliveira que usava no chapéu de palha.. tempos passados, tempos da minha aldeia, da sombra do meu sobreiro...

Bem te vejo, mãos calejadas … Imagino-as a desenhar a minha cintura ... Calejadas ... Por redes que rendilham as ruas! Das canastras de fruta meio madura! Da fábrica, do apito sonoro que invade o cais às 17h e me desperta do sono diurno ... Ou será dos corpos que percorres com os dedos em noites de suores frios!

Dizem as mulheres do cais, que homens como tu não são dados a amores de poucas horas, nem a camas onde os lençóis são o ar frio….Dizem que andam na Luta, no corpo a corpo, sem navalha, só palavras.

E se te pudesse falar, agora, dizia-te que te consumia por uma braçada de flores, ou por um simples punhado de ar fresco.

Ou quem sabe, só por te ouvir falar...

segunda-feira, janeiro 16, 2012

.

ver-te no meio de tanta gente, assustada, aflita, sem te identificares com nada e a desejar ter a atitude que outros teriam no teu lugar, não pude deixar de regredir à infância e reviver uma solidão que sempre senti.

Supostamente de volta?

não existe mais nada a fazer senão um futuro que assente no pretérito perfeito que um dia achámos ser o nosso presente

segunda-feira, agosto 16, 2010

Até já

Continuo por aqui...
Os meus Setembros transformaram-me bruscamente em Julhos e, depois de ter estado sozinha comigo no meio de multidões, deixei de procurar o que quer que fosse que andava à procura.
Continuo por aqui, mas sem muito para dizer.
Há coisas que deixam de fazer sentido, deixa de haver espaço fisco, espaço emocional para coisas que durante muito tempo foram parte de uma partilha constante... Com outros... Comigo... Com alguns...
O "timing" passou... Eu fiquei, e fico deste lado, a tentar não perder pitada de nada, do que é meu e do que quero que seja.


E a Maçã que havia em mim é agora outra coisa qualquer.

Até já

Sempre Vossa
M