quarta-feira, agosto 30, 2006

Até à Vista!

Uma Festa com passado e com futuro!

Trinta anos de Festa e parece que foi ontem que pela primeira vez abri-mos as portas do que desde logo se afirmou como o maior evento político-cultural português. Partiram uns e muitos outros chegaram sem que nunca o testemunho tivesse deixado de passar de mão em mão, enriquecido pela experiência e sempre renovado, a mostrar que a determinação na luta permanece e se reforça em cada geração. Bem que tentaram – e tentam – destruir a Festa do Avante!, mas é tão inútil como querer agarrar o mar nas mãos ou parar o vento, como ordenar ao Sol que não nasça ou às estrelas que não brilhem. Onde quer que exista um homem e uma mulher com sede de justiça e fome deliberdade haverá sempre motivo para a celebração da luta.

Esse é o nosso caminho, um caminho com passado e com futuro
.


Atalaia, 2004, Comicio de abertura da 28ª Festa do Avante!

domingo, agosto 27, 2006

Não recordo

Remo para a frente, mas sinto a corrente contrária dominar o barco...
A arrastar-me para onde já não quero estar.
Porque já lhe senti o sabor e não gostei.
Da multidão que se despedia não recordo um só rosto, um só olhar.
Talvez por não ter reparado em ti,
Talvez por não estares lá.
Porque te recordo emoldurado pelo rio,
Pelas luzes, pelo cheiro das flores que me davas.
A cada dia uma diferente, e de tantas flores recordo todos os cheiros.
E todas as cores.
E como ficavam no meu cabelo.
E como sorriam os teus olhos...
Que não me viram por entre a multidão que se despedia.


sábado, agosto 26, 2006

Transformá-lo...

"Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo"
Karl Marx

quarta-feira, agosto 23, 2006

"Etiquetada"



Fui "etiquetada"!!!
Duas vezes!!!!

A Oficina das Ideias e o Santa Margarida, amigos desta e de outras Festas, fizeram-me o desafio: Escrever seis "etiquetas" sobre mim...
"Etiquetar-me" seis vezes...

Assim:

* Se fosse uma roupa e tivesse uma etiqueta a sério esta dizia: Lavar a água fria.
Não suporto água quente, tem de ser quase quase fria, no Verão fria mesmo. É uma boa maneira de poupar gás!

* Nunca quis ser professora, venho de uma família de professores, a minha infância sempre foi condicionada pelo vai e vem dos professores, sempre fugi dos professores, sempre fui aluna mal comportada e nunca pensei em ensinar... Quando experimentei, apaixonei-me pelo ensino! Que sina...

* Guardo areias em frascos de vidro, tenho uma colecção de areias de vários sítios do mundo em frascos de vidro pequenos que compro em feiras de antiguidades. Gosto de olhar para elas com a lupa e ver os grãos rolados de várias cores.

* Dizem-me autoritária, possessiva, mandona, "torcida", mau-feitio, baixita, chata, que falo sem pensar...Devem ter razão...

* Sou apaixonada! Acima de tudo faço as coisas com paixão e sinto-as com paixão. Não consigo ser um Ser Racional, a emoção sobrepõe-se sempre!

* Sou beirã de nascença, cresci nos Açores, tenho "recordações" de Angola, e sinto-me Alentejana... Grande confusão hã?


E agora passo o desafio a mais seis Amigos!


Palavras Previamente Ensaiadas
Corte D'El Rei
Preca
Crónicas do Pete
mar vivo
Rita Xau-Xau

terça-feira, agosto 22, 2006

Hoje parei!

Hoje parei!
Tirei os sapatos e senti o chão de madeira com as pontas dos pés.
Tirei os óculos e libertei os olhos da clausura das lentes que aumentam e diminuem a realidade.
Soltei o cabelo pelos ombros e tirei os ganchos que não o deixam ser revolto.
Desapertei a roupa apertada e soltei-a pela casa fora.
Abri a janela para sentir o cheiro da tarde, das violetas que nunca mais dão flor.
Passei as mãos pelo espelho e acariciei o meu rosto num gesto particular de quem se vê.
Menti à luz da tarde e quis a noite.
Hoje parei!

segunda-feira, agosto 21, 2006

Livro & Audiobook "Corte d'El-Rei"

Apresento-vos o livro "Corte d'El-Rei"


Onde o ecrã voltou a dar lugar ao papel e a palavra escrita deu lugar ao som.
"Corte d'El-Rei", é um livro de poemas e contos de Rui Diniz com leitura integral de Luiz Gaspar.
Encontramos também algumas fotografias enviadas pelos leitores d' "
Corte d'El-Rei" (enquanto blog), onde orgulhosamente existe uma pequena contribuição da minha parte, sobre as quais o Rui escreveu!


Mais detalhes sobre este mágnifico trabalho AQUI.


Para abrir o "apetite" fica um dos poemas de Rui Diniz e a fotografia que o fez brotar.


(Fotografia de Margarida Luna de Carvalho)

Tantas vezes dançaste para mim no milheiral
e de tantas vezes recordo todas!
Tantas vezes me levaste ao teu Mundo
onde largava na atmosfera o meu pesar eterno
e me descobria Feliz, como num sonho impossível,
na pele de seda do teu abdómen, na sede dos teus seios,
na vibrante sensação de ser inteiro, de,
por um segundo, ser Deus...
como tu foste! Ah....
A tua dança era o baile das estrelas!
Tinhas em teus olhos as esmeraldas puras, tão puras
que o reflexo neles da Luz no teu coração fazia-os Faróis
à ondulação do mar do Prazer e do Amor duro dos egos!

Mas que importa se éramos duros egoístas?
Que importa?

Se te amei e se me amaste no milheiral tantas vezes,
tantas vezes que recordo todas com a Paz que só a saudade traz,
porque não posso parar diante deste altar e rezar-te uma homenagem,
perante os tetranetos geracionais das ancestrais espigas
que nos acompanharam e te acompanharão sempre,
mesmo que na minha mente, mesmo que sem nada,
onde quer que estejas, onde quer que perdures?

Em quaisquer que sejam os milheirais
onde dances deitada agora e sempre,
abençoada sejas por trazeres vida
a quem só perdura no seu sono indolente!

Rui Diniz

domingo, agosto 20, 2006

Arranja-me Um Emprego

Tu precisas tanto
de amor e sossego
e eu preciso de um emprego
se mo arranjares
eu dou-te o que é preciso
por exemplo o paraíso
anda ao deus-dará
perdido nessas ruas
vou ser mais sincero
sinto que ando às arrecuas
preciso de galgar
as escadas do sucesso
e por isso é que eu te peço
arranja-me um emprego

Arranja-me um emprego
pode ser na tua empresa
com certeza
que eu dava conta do recado
e para ti era um sossego

Se meto os pés para dentro
a partir de agora
eu mete-os para fora
se dizia o que penso
eu posso estar atento
e pensar para dentro
se queres que seja duro
muito bem serei duro
se queres que seja doce
serei doce, ai isso juro
eu quero é ser o tal
e como tal reconhecido
e assim digo-te ao ouvido
arranja-me um emprego

Arranja-me um emprego
pode ser na tua empresa
com certeza
que eu dava conta do recado
e para ti era um sossego
(...)

Sérgio Godinho

sexta-feira, agosto 18, 2006

"Maria Papoila"

quinta-feira, agosto 17, 2006

Ver. Olhar. Tocar.


Ver-te deitado.
Ver-te a ver-me aprisionada
No riso por te ver
Rever-te totalmente.
Por te ter visto
De cima

Olhar-te de baixo.
Olha-te a olhar-me deitada
De azul por te olhar
Rever-te repentinamente.
Por te ter olhado
Do céu

Tocar-te na pele.
Tocar-te a tocar-me molhada
De prazer por te tocar
Retocar-te intensamente
Por te ter tocado
Com o corpo
MLC

quarta-feira, agosto 16, 2006

Vou amachucar os rabiscos, Parte II

Não me apetece escrever!


Coloco os dedos pesados em cima do teclado mas não observo o dedilhar ansioso de quem quer falar com o ecrã com se de uma pessoa se trata-se. Os meus dedos estão cegos, não reconhecem as teclas, as letras parecem todas iguais.

Talvez sintam falta do aparo e da tinta azul-marinho e do papel de 120 gr e da sua brancura infinita. Sempre disposta a possuir os rabiscos a que chamamos letras.
Tento, tento segurar no aparo mas não me lembro de como se escreve... não me lembro do grafismo, do desenho de cada letra. Os meus dedos continuam pesados e não me apetece escrever.
Vou amachucar os rabiscos e as teclas e as folhas e vou gozar a minha preguiça.
Talvez tudo isto seja uma desculpa. Desculpo-me porque não me apetece ou porque não sei.

Ou porque afinal nem quero saber!


terça-feira, agosto 15, 2006

Trova do Vento que (não) Passa

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
o vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.

(...)

Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Manuel Alegre


O vento passa e nada muda... O vento forte, sopra sem nada de novo. Continuo à espera de sentir aquela brisa na cara que faz do sonho vida, que traz a mudança e que faz a diferença.O vento nunca mais muda!

sábado, agosto 12, 2006

Cota: 536...


Foi quando, desviaste da minha cara o cabelo trazido pelo estranho vento que estragou os meus caracois,transformando-o num amontoado de madeixas desalinhadas, que senti esse arrepio, suspeito de gerar movimento.
Que digo?
Nem tenho caracois!


quarta-feira, agosto 09, 2006

Estamos a construi-la!



9 de Agosto de 2006, Quinta da Atalaia, Amora, Seixal

terça-feira, agosto 08, 2006

A Festa é....


A Festa!

A Festa é....

É parte integrante do meu mundo...

É sempre MAIS do que uma descrição, porque o sentimento que cresce no peito á medida que vemos a festa crescer, as pessoas a entrar, a noite a cair, os sons a pairar, o fogo no céu, os punhos a erguer, as bandeiras ao alto, os copos a brindar, os abraços dos eternos companheiros, a força das lutas, a militância de cada gesto, as lágrimas pelo rosto...
O sentimento cresce no peito, e é tão intenso que assimilamos "A Festa" também como emoção.
E toda a história da Festa é também a minha, a nossa história.

Que venha a Festa!


Objecto comemorativo da XIII Festa do Avante!

domingo, agosto 06, 2006

É Hoje!!!

7 de Agosto!

Hoje faço ANOS!

Não vou dizer para não se incomodarem a darem os parabéns e mimos e beijos e abraços e prendas e todas essas coisas.
Não vou dizer que estou velha nem que se passaram muito anos.

Vou dizer para me mimarem, para elogiarem, dizerem que sou querida e bonita, e que vou viver muitos anos. Porque devemos ser verdadeiros, e dizer realmente o que queremos. Não é?

Pois eu perdi a vergonha, vou ser menina por um dia e não fazer nada.
Vou receber prendas e vestir roupa nova, beber champanhe, fazer brindes por tudo e por nada, apagar as velas mesmo que não tenha bolo, desejar que venham mais 5 para pelo menos chegar aos 30, desejar tudo para depois apenas se realizar metade, dar beijos a quem gosto e receber muito mais em troca.
Vou sorrir para todos e exigir um sorriso de volta.

Hoje faço anos e vou estar muito mais feliz!

# Faltam 1 Dia...

(...)

sexta-feira, agosto 04, 2006

# Faltam 3 Dias...

(...)

Quando for grande...

Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que promete
raízes, hastes e corola

Dão-nos um mapa imaginário
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade

(...)

Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal
que espeta os cornos no destino

Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte



"Queixa das almas jovens censuradas", Natália Correia


1983, Nordeste, S. Miguel, Açores.

quinta-feira, agosto 03, 2006

# Faltam 4 Dias...

(...)

Tic-tac


O Relógio

Passa, tempo, tic-tac
Tic-tac, passa, hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria
De fazer
Meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Tic-tac
Tic-tac
Tic-tac . . .

Vinícius De Moraes

1981, Casa do Avô Dado e Avó Branca

quarta-feira, agosto 02, 2006

# Faltam 5 Dias....

(...)

"Não sou freira nem sou puta"

Mexo, remexo na inquisição
Só quem já morreu na fogueira
Sabe o que é ser carvão
Eu sou pau pra toda obra
Deus dá asas à minha cobra
Minha força não é bruta
Não sou freira nem sou puta

Porque nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem

Ratátátá

Sou rainha do meu tanque
Sou Pagu indignada no palanque
Fama de porra-louca, tudo bem
Minha mãe é Maria-Ninguém
Não sou atriz-modelo-dançarina
Meu buraco é mais em cima

Porque nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem

Ratátátá


Maria Rita