terça-feira, outubro 31, 2006

Brasas II

Brasas vermelhas crepitam em pequenas labaredas
Que fazem brilhar os olhos de luxúria e de paixão
Nas malhas do sentir meu corpo enleias e enredas
Em prazeres infinitos em eterno querer e devoção

Queimo cascas de tangerina em minhas rudes mãos
Com fogo que transmite teu profundo e doce olhar
Em passos de sensualidade, música e ritos pagãos
Caminho veredas caminhos tortuosos sem hesitar

O vinho tinto limpa a boca e amacia meus lábios
Sedentos de beijos mil, carícias, erotismo sentido
Meu corpo recebe a vibração de movimentos sábios
Agora encontrado caminhar logo depois perdido

Que um sopro breve o crepitar das brasas (re)avive
Sejam farol que conduzam caminhos de felicidade
Muito querer aos escolhos encontrados sobrevive
Traçando o desejado sentir e querer da Liberdade


Após ter escrito o texto Brasas um Amigo, Companheiro e Marinheiro desde e de outros mares, fez das minhas suas palavras, e eu, das suas palavras meus sentimentos...
Obrigado!

domingo, outubro 29, 2006

Ao som do coaxar

Existe um silêncio estranhamente tranquilo esta noite, apenas forjado pela auréola suave do quarto crescente e pelo coaxar imaginário das rãs do pântano inexistente.
Um silêncio que me incomoda, que queria interrompido, que queria quebrado, agitado.
Interrompido pelos gemidos sonoros que penetram paredes e que suscitam sussurros de inveja... de quem os queria seus.
Interrompido pelo ranger dos dentes, pelo rasgar da roupa apertada que sufoca, pelo sapatear das mãos contra a parede, como quem pede clemência perante o prazer.
Interrompido pelo gotejar do suor que desce no meu dorso, num caminho já traçado, já delimitado... e que cai... no pântano inexistente onde as moram as rãs.


E eis que se não.... Fogo de artifício rompeu o silêncio!

sábado, outubro 28, 2006

Águas de Março, Maçãs de Junho...

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho

É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol

É peroba no campo, é o nó da madeira
Caingá candeia, é o matita-pereira

É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o misterio profundo, é o queira ou não queira

É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira

É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira

É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira

É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão

É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto um desgosto, é um pouco sozinho

É um estepe, é um prego, é uma conta, é um conto
É um pingo pingando, é uma conta, é um ponto

É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando

É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada

É o projecto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama


É um passo, é uma ponte, é uma sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho

É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
Tom Jobim

E eu, sou o quê?

sexta-feira, outubro 27, 2006

Brasas...


As brasas vermelhas crepitam, queimo as cascas de tangerina que tornam o ambiente calmo e firme, o vinho tinto limpa a boca e as brasas ficam a aguardar...
Que um sopro breve as avive.

segunda-feira, outubro 23, 2006

6 Horas por dia

Os nossos olhos, seram esses o espelho da alma?
Cansada, desiludida com o rumo que se impôs, onde as promessas sociais de dias melhores nunca mais chegam, onde o quotidiano se aglomera numa colecção de horas enfadonhas que vivemos na ânsia de melhores dias.
E dizemos que nem tudo é mau, dizemos que são apenas 6 horas por dia, que depois, quando sais pela porta que te prende és livre, mas não o sentes...
Prometeram-te que, se te portasses bem, se seguisses o rumo certo, pelas escadas académicas que te levariam à sabedoria e, ao chegar lá acima serias uma pessoa de sucesso, com um canudo na mão que te assegurava um futuro promissor.
Qual Futuro?
Afinal por que esperas?
Apenas que as 6 horas passem e que te sintas dono de ti, pelos menos nos instantes em que o vento de bate na cara e te lembra que és livre, dentro da tua vontade, dentro da tua acção!


domingo, outubro 22, 2006

Só pra dizer...

Só pra dizer que te Amo,
Nem sempre encontro o melhor termo,
Nem sempre escolho o melhor modo.

Devia ser como no cinema,
A língua inglesa fica sempre bem
E nunca atraiçoa ninguém.

O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.

Só pra dizer que te Amo
Não sei porquê este embaraço
Que mais parece que só te estimo.

E até nos momentos em que digo que não quero
E o que sinto por ti são coisas confusas
E até parece que estou a mentir,
As palavras custam a sair,
Não digo o que estou a sentir,
Digo o contrário do que estou a sentir.

O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.

E é tão difícil dizer amor,
É bem melhor dizê-lo a cantar.
Por isso esta noite, fiz esta canção,
Para resolver o meu problema de expressão,
Pra ficar mais perto, bem mais de perto.
Ficar mais perto, bem mais de perto.


"Problema de Expressão"
Clã

sábado, outubro 21, 2006

Sinto-me?

Poderá a suspeita luminosidade do teu sorriso aquecer a frieza dos dias cinzentos de inverno onde a chuva cai e as folhas secas separam-se dos galhos iguais.
O meu corpo está quente, mas tenho em mim a sensação fria de não poder transmitir esse calor da minha aparência. Com um acenar de cabeça dizes que sim, que sou a Mulher, que sou a paixão, mesmo quando esta não se vê, sente-se?
Dizes que sim dizes que estás aqui, estás? Sim.
Sinto-te e tu, sentes-me?
E eu sinto-me?


quarta-feira, outubro 18, 2006

Sinais

Quando olho para trás apenas vejo sinais de sentido proibido e, assim sendo, atinjo o limite de velocidade para a frente, mesmo dando de caras com as curvas e contra curvas das estradas secundárias que cruzam o sentido obrigatório por onde vou.
Estou proibida de parar para retomar velhos e gastos enlaces que já ficaram marcados por grandes e hexagonais Stops.
As luzes verdes acendem-se e os poucos amarelos que vejo são passados por um acelerar repentino.
Cedo-te a minha prioridade e numa clara contra ordenação ultrapassas-me com um sorriso maroto de quem vem roubar um beijo.


segunda-feira, outubro 16, 2006

Despenhei-me....


Vi o céu azul, e como Ícaro, quis alcançar as nuvens e voar alto.
Ver as coisas de outra perspectiva, lá do alto, sentir o roçar das nuvens no meu corpo e beber as primeiras gotas de chuva, antes de se abaterem num voo a pique. Ter novas emoções e poder causar novas sensações...
Mas...
Despenhei-me....
Comecei a cair em queda livre, sem destino, sem rumo, numa velocidade alucinante que faz com que o vento rasgue a minha pele e foi nesse instante que comecei a ver que as sensações podem errar, podemos ver amarelo, quando na realidade é vermelho. Podemos ter calor quando está frio. Podem levar-nos à loucura ou deixar-nos mergulhados numa calma e intensa paz, no chamado "mar da tranquilidade".
Podemos sentir que vamos a cair quando afinal estamos a aterrar.
Até que...
Despenhei-me...
Despenhei-me nos teus braços, onde as cores são outras, onde o toque pode queimar e a palavra abrir ou fechar portas que nos tendem a guiar, por novos destinos, por definições.
Despenhei-me...



domingo, outubro 15, 2006

Roncos do Diabo


A pele, cor de pele, do Tambor mostrava a marca deixada pelo suor da sua mão.
Mãos que fazem soar pancadas de diferentes intensidades, e que todas juntas fazem as nossas mãos bater uma na outra ao ritmo, das pancadas no Tambor... com pele, cor de pele...
Todo o seu corpo despertava para o ritmo marcado pelas suas mãos e o seu bailado sensual contrastava com a aparente correcta postura das companheiras de foles.
E todo o seu corpo mexia, sorria, todo o seu corpo tocava aquele Tambor... com pele, cor de pele...
E no seu rosto a certeza de que aquelas pancadas lhe saiem da alma e começaram a sair da alma dos que ouviam e batiam o pé, as mãos, e sorriam juntamente com a musica, com o ritmo.
E o seu olhar cruzou o meu, a música acabou, com um piscar de olho, e o ritmo do Tambor acabou... com pele, cor de pele...

Ver Também um outro olhar sobre "Roncos do Diabo"

sexta-feira, outubro 13, 2006

II Fórum Social Português

Este Blog está no Fórum Social Português

quinta-feira, outubro 12, 2006

Enjoei o alfabeto

Enjoei o alfabeto, o certo é que estas 26 letrinhas já não me são úteis, já não servem. Já não me apraz junta-las e fazer soar os sons de tonalidade luminosas que em tempos fizeram as minhas mãos cantar.
Agonia-me o uso repetitivo dos grafismos e a sua junção já não satisfaz a minha necessidade de expressão.
Enjoei o alfabeto, plágio ou não, já alguém o deve ter dito mas é em mim que a expressão assenta, como se pousa-se um desconforto sintáctico e fonético que alguém inventou.
Enjoei.
Inventa-me um novo!


terça-feira, outubro 10, 2006

Maçã do Amor


Vendem promessas de amor eterno com finais sempre felizes, horas de tórrida paixão, onde os beijos são como no cinema e a perna direita sobe ligeiramente.

Oferecem a sedução em tons de vermelho com sabor sempre igual, caramelo com um travo agridoce de quem não quer a definição de um ambiente comprometedor.

Afirmam aumentar a performance de noites suadas a toques escaldantes com a repetição exaustiva de "clichês" amorosos que podem fazer corar a mais ousada menina.

Apregoam a autenticidade dos "factos" bíblicos como a prova adquirida de que, foi com ela, que nasceu o primeiro gemido, o primeiro arquear de costas, a primeira dissipação molhada de prazer.

Mas que dizem?

Sou apenas uma Maçã...

segunda-feira, outubro 09, 2006

Azul, raiado de castanho

Se por vezes as coisas aparentam não fazer sentido, é porque ainda não vemos bem o sentido que as coisas tomam.
Pode não fazer sentido chorar e rir ao mesmo tempo, mas depois vemos que o sentimento é tão grande que rir não chega para o exprimir... por isso choramos... Pode não fazer sentido ter de esperar tanto tempo... Mas a espera foi recompensada... Pode não fazer sentido encontrar-me junto ao rio, onde não me sinto segura... mas era lá que estava, de mãos dadas...Pode não fazer sentido tudo correr mal e sentir-me bem... mas nem tudo corre mal...
O sentido, esse, é o que eu quiser, e neste momento o meu sentido passa por olhar para baixo, e ver azul, raiado de castanho.


sábado, outubro 07, 2006

E tu? Já comeste a fruta hoje?

Já te disse hoje o que te devia ter dito ontem?

quinta-feira, outubro 05, 2006

Cacilhas, 6 da manhã.

- Bom dia!
Digo, ainda com o sono estampado na cara, mas com a pose de confiança que o apelo militante impõe.
As tarjetas informativas voam-me das mãos e aterram noutras que correm.
Mãos apressadas que pedem para o dia passar e apregoam o descanso merecido. Algumas mãos param, olham-me nos olhos com um sorriso cúmplice de quem diz: - Bom Dia, Bom Trabalho!
Outros por vergonha ou timidez roçam a minha mão e aceitam a informação e penso que o calor que quero transmitir passou, ficou marcado naquele ligeiro toque.
Outros não olham, não tocam, não imaginam, não entendem, não vale a pena...
E o dia nasce! O barco apita, o cais fica vazio!
Uma aragem levanta, é hora de outro trabalho, o que tem de ser porque tem de ser... mas que não completa, não ensina, não apraz.
- Até amanhã camarada!
E sei que esta frase, de tantas vezes repetida, não é uma despedida, é o sinal que há mais, há sempre mais uma vez.


quarta-feira, outubro 04, 2006

Água & Vento

segunda-feira, outubro 02, 2006

Ponto


Cheguei o Ponto de Não Retorno onde os Pontos são de Interrogação e as Reticências marcam as demoradas pausas do meu andar.
Desespero pelo meu Ponto de Equilíbrio, onde vou poder baloiçar nesta cadeira que range sem cair. Madeira velha com cheiro a cera onde cada baloiçar é um Ponto de Cruz no bordado da minha Vida.
Quero o Ponto de Rebuçado que vai adoçar a nossa boca e mostrar-me de novo que é nesse Ponto... nesse Ponto do teu corpo que eu chego ao Ponto...
Final.